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segunda-feira, 23 de julho de 2007

"Quousque tandem?" - Roma 60 A.C.

Por Ângelo Laborne Tavares

"Quousque tandem?", perguntou Cícero, o maior tribuno do Império Romano, 60 A.C. "Até quando? Quanto tempo Catilina abusarás de nossa paciência? Quanto tempo ainda tua vergonhosa atividade nos ofenderá? Quando cessarás de vangloriar-te de tua insolência sem preço?"

Outro vulto histórico e emblemático da Roma Imperial foi Sêneca, cujo pai espiritual foi Sócrates, pontuava: "O que o homem adquiriu pelo abuso e astúcia, o perderá na dissipação".

É a história rediviva nos lembrando e nos advertindo, já passados dois mil anos.

Ao lado da alegria e entusiasmo da comemoração feérica das medalhas do Brasil nestes jogos de 2007 tendo como contraponto musical o nosso hino nacional, parece que no fundo começamos a perceber, em notas claras e sonoras os acordes de um outro hino que há dois séculos acordou a França e a fez vibrar com a queda da Bastilha. Resumindo: "Le jour de gloire est arrivé".

O Brasil não merece e o seu povo não pode continuar gerenciado e vilipendiado com esta série de descalabros pela falta de comando de um grupo de políticos e dirigentes dos três poderes, que estão concentrados e preocupados com seus próprios interesses, de partidos aliados defendendo vantagens egoísticas e pessoais ao invés de atender aos reclamos urgentes do povo. Onde estão os recursos mínimos para atender as necessidades de uma multidão de carentes e doentes? Uma rede hospitalar enferma prestes a entrar na U.T.I. enquanto milhões de reais são desviados para os poucos acumpliciados dos desmandos dos órgãos governamentais.

Os desvios morais, a escassez de vergonha e decoro dos parlamentares, as falcatruas de membros da magistratura, a ausência de atitudes dos agentes públicos para coibir estes abusos compõem um leque sombrio, principalmente, para a juventude que se inicia na carreira pública. A vergonhosa imagem mostrada pela televisão de gestos e atitudes dos mais íntimos do governo federal, ao lado de declarações públicas de ministros sobre a situação do país revoltam o povo brasileiro.

Onde estão os nossos tribunos da tempera de José do Patrocínio, de Ruy Barbosa ? Há quase um século o grande vate da Bahia - Castro Alves, num momento de angústia e desespero clamava ao Senhor: "Senhor Deus, onde estás que não respondes, em que astro em que estrela tu te escondes ? Há dois mil anos enviei meu grito que debalde se perdeu no infinito. Onde estás meu Deus ?

Hoje, poderíamos fazer a mesma pergunta: onde está a "brava gente brasileira" que ajudou a compor o nosso Hino da Independência?

Na Roma dos Césares antes dos Códigos do Direito do Direito Romano vigia a lei maior: "Roma locuta causa finita". O que Roma (César) decidiu a causa termina. "Quousque tandem?"

Nota: Dr. Ângelo Furtado Laborne Tavares, é médico oftalmologista e membro do Instituto Mineiro da História de Medicina.

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