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sexta-feira, 16 de março de 2007

A vigésima quinta hora...


Estava gélido. Tão pálido que não sentia o sangue no rosto e nem correr em minhas veias. Não sentia as pernas, também não precisava, pois não havia chão. Diferentemente da empolgação em que me encontrava alguns minutos antes.
Tudo começou quando chamado pelo professor, dirigi-me à frente da sala de aula e encarei os meus colegas. Era o último ano da turma de técnicos de contabilidade e estava ali, num exame oral para falar sem ajuda de qualquer anotação sobre um livro de nossa livre escolha.
Ao começar a dissertar sobre o livro que havia escolhido chamado "A Vigésima Quinta Hora", dizendo o nome do autor logo em seguida, um dos colegas ameaçou se pronunciar quando o professor o interrompeu dizendo à classe que não haveria comentários até o término de minha explanação.
Bem, sentindo-me confiante, lembro-me que falei sobre o conteúdo do livro com grande riqueza de detalhes. Ao final, inquirido pelo professor com várias perguntas, todas foram respondidas de imediato. Brilhante, era o que eu sentia a cada resposta, em que trazia sempre uma lição de vida dentro do contexto do livro pelo autor. Informei ainda, no final, que o livro havia sido tema do filme com o mesmo nome com a performance impagável do ator Anthony Quinn e da beleza estonteante da atriz Virna Lisi.
O professor estava satisfeito, pois seu rosto exibia um sorriso de contentamento. Só a classe não se comportava do mesmo jeito do professor, percebi logo em seguida. Foi aí que senti o que é estar na vigésima quinta hora. É aquela hora que não existe, mas insiste em estar lá. Para apanhar os desprevenidos, os confiantes... Ah! É a hora que não tem chão, do tempo gelado ou do não tempo. Será este o buraco negro? A caída no vácuo escuro e profundo do inferno?
O professor me cumprimenta pela excelente explanação e me olha de frente e me diz que o tema da dissertação era de um livro de autor brasileiro ou português, afinal nossa aula era de Literatura Portuguesa. Pela explanação, nota dez; pelo tema, nota zero. Média 5. Deu para passar. Foi o maior carão que passei em minha vida. Se tenho seqüela? Claro, pois acordei de madrugada, sentindo um calor infernal, lembrando deste fato 40 anos depois e por isso resolvi colocar no papel. Quem quiser saber sobre o filme faça uma pesquisa no google colocando o título deste artigo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu quero saber onde encontro versão deste livro na internet pra eu baixar e ler a 25 hora...
obrigado

Kelly Dabés disse...

Caro leitor.

Não sei onde encontrar na Internet para baixar. No google, existem várias pessoas vendendo o livro em sebos.

Anônimo disse...

Oi já li este livro quatro vezes... gosto muito dele, de verdade... recomendo aos que ainda não leram procurar em uma sebo, pois já vi versões igual ao que possuo, com folhas amareladas e capa dura... muito legal...
bjus